sexta-feira, 21 de maio de 2010

Inclusão Digital: Problema Social, Cultural ou Educacional?



    O processo de inclusão digital é amplo e ainda complexo de se definir e implementar, pois exige um esforço maior do que simplesmente garantir acesso a computadores com acesso a internet e telecentros com letramento digital. A educação ainda é a base para que essa inclusão seja feita de forma ideal, pois garante que a população, além de ter acesso às tecnologias, consiga produzir material e entender conteúdos que estão disponíveis na internet através de seus computadores.  No Brasil, em 2005 apenas 13,9% da população brasileira possuía acesso a internet, contra 68,7% da população norte-americana.  Isso quer dizer que uma parcela muito pequena da população tem acesso às informações e conteúdos disponíveis virtualmente.
    Para que a inclusão digital ocorra, em minha opinião, devemos inverter a ordem do que inferimos sobre o termo. Quando falamos em inclusão digital nos vem computadores de última geração com acesso a internet sendo acessados por toda a população desde as classes mais baixa até a alta sociedade. Porém, nada disso vale se não utilizarmos esses recursos como ferramentas educacionais para instruir e transformar cada cidadão que a eles tem acesso.
Tendo em vista este pensamento podemos separar um processo de inclusão digital dividindo a população em dois níveis: Etário e Social. A partir desta divisão e do cruzamento de referências entre eles podemos adotar algumas atitudes que podem fazer diferença em médio prazo para a inclusão de todos.
A inclusão digital deve começar na escola, onde os alunos devem ser letrados digitalmente, além de utilizarem recursos tecnológicos de comunicação em todas as matérias. O processo deveria começar desde sua alfabetização, com os professores utilizando de computadores e internet para complementar o trabalho de alfabetização, além de iniciar um básico letramento digital.
Os alunos na pré-adolescência deveriam saber utilizar mídias de armazenamento como CDs, Pendrives, entre outras. Aprender a pesquisar em sites de busca, refletindo sobre palavras-chaves e sobre a veracidade de conteúdos, além de aprenderem a refletir sobre o que estão pesquisando, ao invés de buscarem e imprimirem textos sem ler.
Já na adolescência os alunos de escolas deveriam estar aptos a desenvolverem conteúdos de matérias que estão aprendendo e postando online, elaborarem material multimídia, pois isso será exigido deles no futuro trabalho, não há como escapar desta realidade.
Para adultos e idosos sem letramento digital é importante que os capacite, através de cursos em telecentros ou escolas, a entenderem como funciona a linguagem da internet, como se envia e recebe emails, como se entra em uma rede social, como se busca informações, se inscreve ou cadastra sites de interesse dos mesmos, como confiar em sites, como perceber ações maliciosas, etc.
Já no âmbito social, deveriam existir telecentros que aliassem educação ao letramento digital, como dito anteriormente, não é possível uma inclusão digital plena se as pessoas envolvidas não conseguem produzir e nem compreender as informações e conteúdos. Existem maneiras simples como a reflexão sobre textos simples, reflexão sobre vídeos ou frases que os ajudem a compreender como se formam simples raciocínios e como se busca por informação através do computador.
A escola, em meu ponto de vista, é a maior responsável por incluir digitalmente os alunos, principalmente as escolas públicas que abrigam alunos de baixa renda, pois não adianta apenas colocar computadores à disposição, deve-se ensinar a utilizá-los e a refletir sobre os conteúdos que são encontrados através deles.
Podemos utilizar exemplos de infoinclusão também na Educação Musical, hoje não é mais possível escapar da tecnologia aliada ao ensino de música. Os músicos têm que aprender a buscar conteúdos que estão disponíveis online como vídeos, textos, materiais didáticos e também deveriam saber a utilizar os equipamentos digitais disponíveis para melhora de seus instrumentos e estudos, além de técnicas básicas de gravação e manuseamento de softwares destinados ao mesmo fim.
Um processo de Educação Musical básico deve conter material no qual os alunos consigam extrair conhecimentos que os façam estar aptos a desenvolverem meios de trabalharem com equipamentos tecnológicos, pois todos possuem padrões que são seguidos, apenas modificando alguns detalhes de um software para outro.
A inclusão digital é um processo lento e deve ser aplicado de forma cautelosa, não apenas jogando informações para as pessoas, mas as fazendo refletir e as capacitando a conseguirem trabalhar com qualquer tipo de plataforma, isso faz com que a inclusão seja plena. Incluir é também capacitar o individuo a trilhar seu próprio caminho no mar de informação e tecnologia pelo qual está cercado e isso se faz através da educação, que transforma o individuo em um ser crítico e reflexivo, melhorando assim também a qualidade dos conteúdos e informações que serão disponibilizadas no futuro.

Um comentário:

  1. Olá Thiago gostei muito do seu texto, ele nos dá a real noção do quanto é complexa a questão inclusão digital, parabéns.
    Gostaria de convidá-lo a visitar o meu Blog:
    http://deneluciogp.blogspot.com/

    Abraços.

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